sábado, 25 de julho de 2009

Uma Janela Vê os Homens

Quinto andar. Daqui desta janela vejo o mundo.
Vejo guerras, trabalho, progresso, competição.
Vejo a vida e a morte acontecerem diante dos meus olhos.
O sorriso de um novo dia e o adeus de nunca mais.
Os recém-nascidos a chorar pelo leite da mãe a trabalhar, e os velhinhos a fumar mais um cigarro. 
O olhar distante sem foco algum.
Vejo o corre corre, atropelamentos, e o pavor nas calçadas.
Vejo os alienados sem direção.
Vejo as lojas, cartazes iluminados.
Vejo todo o comércio. Os que compram, vendem e trocam. 
Vejo os que roubam.
Vejo os amigos de bom dia e boa noite; vejo desconhecidos.
Vejo os pássaros voando, vejo a água caindo, escorrendo em direção a avenida principal.
Vejo cair a tarde, anoitecer e o sol nascer.
Vejo a madrugada que angustia os trabalhadores.
O sono forte, a cabeça caída como que pendurada por um fio.
Mas um fio de cada dia.
Vejo os bolsos mais vazios, e a expressão de tristeza e desespero; o prato mais vazio a cada refeição.
Vejo amanhecer, vejo anoitecer.
No banco da praça os que dormem com a cabeça apoiada sobre a garrafa. Vejo garrafas rolando...
Cabeças rolando...
Vejo fazer sol e chover; fazer calor e frio.
Vejo aglomerados, isolados... Semelhanças e diferenças...
Ah... Talvez não valesse a pena olhar.
Ou talvez procurar por outra janela, bem acima deste andar.

LuSeveri (15 anos)

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